Frustração
e hipocrisia em Espanha.
O
Partido Popular espanhol, em cuja claque alinham a direita e a extrema-direita
portuguesas, alguns distraídos da esquerda baixa ou do “nem esquerda nem
direita antes pelo contrário”, confrontou o PSOE com o hipotética dever deste
de viabilizar um governo seu.
Sem
isso, a sua vitória revela-se incapaz de gerar uma maioria parlamentar. O PSOE,
tendo sido o segundo partido mais votado, embora com dificuldade, pode negociar
apoios que lhe permitam liderar um governo de coligação de esquerda com o SUMAR.
Também por isso, não se mostrou disponível para dar esse “presente” ao PP.
Com
os olhos em alvo, o PP alardeia a qualidade democrática da sus pretensão. No entanto,
realmente, se virmos bem o que revela é
descaramento e hipocrisia políticos. Profundos!
Na
verdade, depois das mais recentes eleições locais e regionais de 28 de maio, em
que a direita teve mais votos, reforçando largamente os seus poderes locais e
regionais, foram reconfigurados os diversos executivos com base nas respectivas
assembleias municipais e regionais.
Olhemos
para alguns exemplos de como a direita espanhola se comportou nesse processo. Na
região da Estremadura, o PSOE foi o partido mais votado, mas quem governa é uma
aliança do PP com o VOX a qual conseguiu maioria na Assembleia.
E
não se ficou por aqui. Realmente, no campo municipal, o PP ocupou as
presidências de mais de 200 municípios em que a sua não foi a lista mais
votada; na maioria das quais, aliás, foi o PSOE o partido mais votado. E se olharmos
para a Espanha como um todo, há 684 municípios em que o partido mais votado não
lidera o governo municipal.
Como se vê, a
pretensão do PP é o contrário do modo como se tem comportado em situações
idênticas. Não é mais, desse modo do que
uma hipocrisia de náufrago que já se julgava no Palácio da Moncloa mas que afinal “morreu na praia”.
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