sexta-feira, 4 de outubro de 2019

O camaleonismo, doença senil do PSD





O camaleonismo, doença senil do PSD

Corajosamente, alguns jovens e menos jovens turcos do PSD têm vindo repetidamente a ostentar o seu orgulho por serem uma direita sem complexos. Uma direita, aliás, de que o PSD seria o partido mais representativo em Portugal e que como tal se deveria  afirmar com firmeza. Com essa ambição está em consonância clara o facto de o PSD pertencer à maior família política da direita europeia  : o Partido Popular Europeu. É certo que ainda muito jovem o PPD resolveu ficcionar-se de social-democrata. Na Europa não acreditaram. Foram arroubos juvenis que não tiveram sequência.

No mesmo sentido, há poucos dias  foi-me dado ver num noticiário televisivo o Dr. Rui Rio numa ação de rua  interpelar uma cidadã espanhola, dando-lhe conta da sua identificação com Pablo Casado, líder do Partido Popular em Espanha, um partido da direita conservadora, bem longe de qualquer centro.Fraternidade ibérica...

Foi, por isso, com espanto que ouvi hoje, no encerramento da sua campanha, o Dr. Rui Rio recusar firmemente que o PSD fosse um partido de direita, para o afirmar bem ao centro, tão longe da direita como da esquerda. Um espanto, uma novidade. Temos pois um partido que tem dentro de si muitos e muitos cidadãos que se consideram e se dizem de direita, que se encaram como sendo de direita, tem opções doutrinárias e ideológicas de direita, tem um programa económico de direita, tem uma visão conservadora e neoliberal do mundo e da política de direita, mas não é de direita. É de centro. É obra! Ou será hipocrisia política pura e dura?

Talvez ciente da dificuldade em fazer passar a ilusão pretendida, de ocultar a hipocrisia, o Dr. Rio escolheu o emblemático Largo do Carmo para local desse comício e no final da sua prédica aludiu vagamente ao Grândola Vila Morena. Suprema ousadia…

Moralidade: o líder do maior partido da direita portuguesa sentiu-se tão pouco confortável dentro da própria pele, que resolveu renegar a sua identidade própria, recusando formal e expressamente considerar o PSD como fazendo parte da direita.

 Compreende-se que ele queira libertar-se da sombra do pafismo troikista, mas uma tão grosseira hipocrisia, uma tão escandalosa fuga à própria identidade, é demais. E sendo excessiva, corre o risco de se evidenciar como simples e prosaico camaleonismo politico-ideológico de quem no fundo acha insalubre a sua própria identidade. Episódio caricato neste tempo eleitoral que , no entanto, a meu ver, é um dos  maiores ataques políticos feitos ao coração da  direita portuguesa  nos últimos anos , perpetrado por um dos seus mais destacados expoentes.

Em conclusão , é prudente interrogarmo-nos sobre quem é afinal Rui Rio  e por que razão o PSD precisa de se disfarçar de centro se continua a ser igual ao que sempre foi?

Quem nos governaria se os portugueses deixassem o Dr. Rio governar ?

A direita no seio da qual sempre o conhecemos, ou o um centro virtual que ainda ninguém viu e que se calhar só existe como artefacto de uma propaganda mistificatória?   Grande aventura, grandes riscos…

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