O mais alto expoente parlamentar do PS ousa um discurso na Assembleia da República com a pose de quem diz coisas grandes. Tudo se agita na vibração intensa dos dias únicos. Enche o peito, como se dele fosse sair um PS avassalador. Nas paredes de São Bento sentem-se já as vibrações dos momentos que se não repetem. A História vai passar por ali.Os melros do jardim circundante calam-se, por um momento,suspensos. A primeira frase gela ainda o plenário num arrepio solene.
O tempo tem então uma pequena vertigem. Passa .As frases seguintes chegam. Mas, afinal, são gente conhecida. Nada de estranho, nada de espantoso, nenhuma sombra inesperada. O PS, que se esperava avassalador, mingua. Em cada nova frase , regressa o previsível, o esperado,o cansado, minuto após minuto, a novidade torna-se improvável.
O PS é agora um sujeito discreto, envolvido num rosário de banalidades políticas, cada vez mais mansas , cada vez mais inócuas.
Os deputados socialistas , por um momento, haviam até sonhado com o calor de uma ovação, saída de dentro de cada um deles, como princípio de uma épica adiada, mas iam afinal sentindo essa chama reduzir-se a cinza.E o PS, que ia saindo das palavras atarantadas, ia sendo um PS cada vez mais pequeno, cada vez mais pequeno. Era agora quase um vulto traquina que jogava ao berlinde, como se a política fosse uma viagem almofadada através de prudências, toda ela feita de ideias civilizadas e de palavras mansas.
Conclusão substancial e misteriosa do discurso consumado: o PS está pronto para estar pronto, se as cotovias cinzentas atravessarem à meia noite de um domingo a barreira do som.
Resultado: o povo socialista está a começar a chatear-se.
Moralidade : a política não é um renhau-nhau-béu-béu eloquente.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
COLÓQUIO SOBRE O SOCIALISMO
O Clube Manifesto para uma Renovação Socialista convida todos os interessados, para participarem amanhã , sábado, dia 15 de dezembro, às 15horas, num colóquio sobre O socialismo
como horizonte - uma visão humanista do
pós-capitalismo.
O Colóquio terá lugar na
Faculdade de Economia, Av.Dias da SIlva - nº 165 em COIMBRA [ Anfiteatro 1.1.]
.
O moderador
será um dos membros do Clube, Pio Abreu. Uma das
intervenções será feita por um convidado, Pedro Nuno
Santos [deputado e Presidente da Federação de Aveiro do PS], a outra, será feita por outro membro do Clube, Rui Namorado. Seguir-se-á um debate.
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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
SOCIALISMO EM DEBATE
O socialismo como horizonte
- uma visão humanista do pós-capitalismo.
Colóquio promovido pelo Clube Manifesto para uma Renovação Socialista
- uma visão humanista do pós-capitalismo.
Colóquio promovido pelo Clube Manifesto para uma Renovação Socialista
no sábado dia 15 de dezembro, de 2012, às 15 horas
na Faculdade de Economia em Coimbra.
1. O texto que abaixo se transcreve é parte do documento
político fundador do Clube Político Margem Esquerda (ME), o primeiro clube a ser instituído no seio do PS em 2002. Depois
dele, os estatutos deste partido viriam a reconhecer a utilidade política deste tipo de clubes,
legitimando-os expressamente.
Muita água correu desde então debaixo das pontes,
mas este texto não perdeu atualidade. O tema é importante, ao refletir afinal sobre o
cerne da identidade político-ideológica dos socialistas.
De fato, se o capitalismo tem vindo a sublinhar
o seu profundo anti-humanismo estrutural, transformando-se num pesadelo que
aflige cada vez mais seres humanos, nem por isso o socialismo ganhou robustez
como síntese das melhores esperanças da humanidade. Mesmo os partidos da
Internacional Socialista que, ainda olham para si próprios como se fossem portadores
de um futuro que os identifique como socialistas, parecem possuídos por uma
melancolia estratégica que, afastando-os da utopia, os torna incapazes de
imaginar um futuro que sintetize e exprima os ideais emancipatórios que têm impulsionado
a história da humanidade.
Apesar do seus dez anos, este texto conserva
ainda, penso eu, um potencial suficiente para poder ser utilizado como um
elemento preparatório do debate que vai
decorrer em Coimbra no próximo sábado.
2. Nunca
renunciar a um horizonte socialista
" Mais
de dois séculos decorreram desde a Revolução Francesa. Não foram, contudo,
suficientes para apagar muitas das chagas sociais e humanas que continuam a
desafiar o mundo.
A
aceleração do tempo histórico e do progresso tecnológico, com a dinâmica de
mudança que implica, tornou-se um factor social de uma importância decisiva,
surgindo como um desafio que tem que ser enfrentado com uma eficácia muito maior
do que aquela que até agora tem sido conseguida. Mas não podemos confundir o
relevo da aceleração da mudança com uma certa retórica ilusionista da
modernidade, que ignora a complexidade das sociedades actuais, encarando-as
numa perspectiva redutora, de índole economicista e anti-humanista, que, em
larga medida, se destina a servir de cortina de fumo para ocultar alguns dos
problemas mais graves do mundo de hoje.
Se
o socialismo se quer afirmar como a juventude do mundo, não pode ficar preso a
um passado que já não existe, isto é, tem de saber compreender as novas
tendências de mudança das sociedades actuais. Mas, sob pena de perder a alma,
de deixar de ser ele próprio, tem de aprender a reencontrar-se mais
profundamente com os seus valores históricos. Não pode alhear-se dos flagelos
sociais que estão na raiz da sua existência e que se mantêm ou se agravaram.
Não pode ficar indiferente aos problemas e às angústias dos trabalhadores, bem
como de todos os que sofram exclusão, exploração ou opressão.
Muitos
serão os problemas e os temas dignos de atenção que elegeremos como objectos de
reflexão e debate. Queremos, no entanto, desde já destacar duas áreas de
incerteza, entre as várias que podiam ser escolhidas, que merecem ser
exploradas, para que possamos compreender melhor tudo o que com elas se
relaciona.
A
primeira diz respeito à fluidez do conceito actual de socialismo, ao carácter
discutível do que significa um horizonte socialista como objectivo e como
possibilidade histórica que se mantém em aberto.
A
segunda diz respeito à dificuldade em aferir com precisão em que medida as
grandes linhas de orientação política por que optamos, bem como os objectivos
políticos genéricos que assumimos conjunturalmente em termos programáticos, nos
aproximam ou nos afastam de um horizonte socialista. E essa dificuldade
aumenta, quando estão em causa medidas políticas pontuais de significado
limitado.
Os
socialistas têm que ser capazes de fazer sempre uma dupla avaliação das suas
orientações e das medidas políticas que preconizam. Têm de saber em que medida
elas perturbam ou melhoram o funcionamento corrente da sociedade, em que
medida elas são harmonizáveis ou contraditórias com a procura de um horizonte
socialista e com a trajectória a percorrer para dele nos aproximarmos.
Isso
nunca foi fácil, mas o desmoronamento do modelo soviético tornou possível uma
consciência mais aguda da sua dificuldade. Não porque ele tenha atingido
directamente os partidos da Internacional Socialista, mas porque tornou
evidente que o problema da alternativa ao capitalismo deveria ser colocado em
termos mais complexos do que até então.
De
facto, mesmo não tendo inscrito no seu código genético o sonho do assalto a um
Palácio de Inverno como acto fundador e purificador, era dominante na Internacional
Socialista a valorização da ideia de uma espécie de "grande noite
eleitoral", que abrisse abruptamente um novo tempo, em que os socialistas,
a partir do governo de um único país, aí construíssem democraticamente uma
sociedade diferente.
A
Internacional Socialista recusava-se a caminhar para o socialismo, sacrificando
a democracia. Na sua identidade era central a ideia de que só em democracia era
possível alcançá-lo. No entanto, ainda que difusamente, encarava a falta de
democracia como o problema essencial do modelo soviético,
Com
o seu desmoronamento, todavia, ficou claro que o modelo soviético não foi um
simples atalho histórico, penalizado apenas por ter escolhido uma rota que
sacrificou a democracia para atingir mais depressa uma sociedade justa. Foi,
sim, um colectivismo produtivista de Estado, globalmente diferente do
socialismo, que em vez de conduzir rapidamente ao um futuro libertador, deixou
milhões de seres humanos divididos entre uma miragem do que afinal nunca
existiu e um passado a que é impossível voltar.
Hoje,
é mais fácil perceber que não será o simples exercício do poder político num
determinado Estado que, por si só, nos aproximará decisivamente de um
horizonte socialista.
Hoje,
é mais fácil perceber que a actualidade da ideia socialista se radica na
possibilidade do socialismo ser um horizonte qualificante da democracia e da
civilização humana, para o qual a sociedade no seu todo caminhará ou não, com
naturais sobressaltos e retrocessos, no quadro de um processo prolongado, ainda
distante do seu termo. Horizonte que não deve confundir-se com um destino predefinido,
já que é antes uma referência que sustenta uma ambição reformadora radical,
fundada num projecto aberto sempre em evolução. Uma ambição guiada pelos valores do
socialismo, em permanente construção crítica no quadro de uma atitude
prospectiva, realista e inconformada, que não aceita que o capitalismo seja o
fim da história.
Renunciar
a esse horizonte é perder a identidade socialista. Valorizá-lo é uma opção que
está longe de estar balizada e caracterizada, podendo dizer-se que estamos
perante um espaço problemático e não perante um conjunto de orientações
reflectidas e testadas.
Está
em causa um processo de amadurecimento social que deve contar com um importante
protagonismo do Estado, mas que está muito longe de lhe ficar circunscrito. A
evolução do tecido social terá de conjugar-se com o exercício do poder
político, numa sinergia virtuosa. A valorização do Estado como expressão plena
da política é uma prioridade que implica uma renovada atenção sobre as suas
crescentes responsabilidades reguladoras e uma rigorosa dinâmica reformadora da
administração pública. Mas não pode dispensá-lo também de um novo tipo de
relacionamento com as dinâmicas sociais de base, que constituem uma vertente
insubstituível do desenvolvimento social, assumindo-se como instância de
permanente encorajamento e de apoio crítico às suas iniciativas.
Neste
contexto, percebe-se que a estatização dos meios de produção não seja encarada
como etapa necessária de uma evolução socialista. Ficou mais nítido o seu
carácter instrumental, bem como os riscos de, por si só, poder não conduzir aos
objectivos que a justificavam, ou contribuir mesmo para nos afastar deles.
No
entanto, também não parece sustentável querer substituir um fundamentalismo
económico de pendor estatizante, por um fundamentalismo privatizador, radicado
no neo-liberalismo como numa verdadeira religião do mercado.
Na
época da globalização, em que é visível o seu carácter contraditório, temos de
assumir a incomodidade de um pensamento crítico. Um pensamento capaz de
combater as ideias feitas, mediaticamente inculcadas pelo aparelho
ideológico-cultural dominante, como se representasse a verdade definitiva. Um
pensamento crítico que nos impeça de confundir a realidade com aquilo que
gostaríamos que ela fosse, mas que esteja longe de aceitar aquilo que existe.
Por
isso, em cada conjuntura, devemos procurar perceber sempre qual é a força
propulsora principal, qual é o obstáculo mais difícil. Estarão estes aspectos
devidamente ponderados nas questões que ocupam a ribalta das nossas ideias? E
estarão estas irremediavelmente ancoradas na nossa experiência histórica,
correspondendo, por isso, a uma sociedade que já é passado? Por que outras vias
deveremos prosseguir? Com base em que novas referências? Alguma vez
transformaram os homens a sociedade, a não ser a partir da valorização das
questões que lhes ocorreram? Se não devemos valorizar as questões que reflectidamente
nos ocorrerem, que questões devemos, então, valorizar?
Sem
nunca renunciarmos a uma atitude anti-dogmática, poderemos orientar-nos melhor
nesta multiplicidade de interrogações, se confrontarmos sempre o presente com
o horizonte socialista que nos identifica e que ambicionamos como futuro.
É,
por isso, preciso que estejamos atentos às transformações do capitalismo,
sabendo que elas podem, eventualmente, conduzir a profundas alterações da
própria natureza da luta política, sem nunca cairmos na ilusão de que o
capitalismo se extinguiu.
Seria
de facto a suprema ironia que os socialistas renunciassem a combatê-lo, com a
alegação de que já não existe, precisamente num tempo em que os seus arautos
decretaram a sua irreversível vitória histórica.
Isto
não significa que encaremos o capitalismo numa óptica simplista e redutora, que
menospreze a sua complexidade, os seus aspectos ambivalentes, as suas
virtualidades de dinamização económica. Significa antes, que o consideramos
incapaz de eliminar a pobreza e a marginalidade, de suscitar a felicidade
humana e a melhoria da qualidade de vida das pessoas, generalizada e
sustentadamente, dado o facto de ser predominantemente predatório e
desumanizante. Nesta medida, é decisiva a nossa capacidade para revitalizar os
valores socialistas da liberdade, da justiça, da igualdade, da fraternidade,
da solidariedade, do respeito pela natureza, da cooperatividade, da
criatividade cultural, da inovação organizacional, submetendo-os a uma
permanente reactualização crítica, que os complete e enriqueça. No fundo, será
talvez um caminho para encarar o socialismo como um humanismo que possa
aproximar o mundo de hoje da felicidade, livrando-o dos pesadelos colectivos
que continuam a povoá-lo.
Por
tudo isto, o território conceptual assinalado pelo leque de hipóteses e de
interrogações que acabamos de percorrer constituirá um dos principais objectos
da nossa atenção e da nossa actividade."
3. Para debater toda a problemática do socialismo, no próximo dia 15 de dezembro (sábado), com início às 15 horas, o Clube Manifesto para uma Renovação Socialista vai promover um colóquio sobre: : O socialismo como horizonte - uma visão humanista do pós-capitalismo.
O Colóquio terá lugar na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Anfiteatro 1.1. – piso 1), na Avenida Dias da Silva – nº 165, em Coimbra.
Conservando-se o formato dos três colóquios anteriores, serámoderador um dos membros do Clube, Pio Abreu. Uma das intervenções será feita por um convidado, Pedro Nuno Santos, a outra, será feita por outro membro do Clube, Rui Namorado. Seguir-se-á um debate.
O nosso convidado, Pedro Nuno Santos, é economista, deputado na Assembleia da República pelo PS e Presidente da Federação de Aveiro do PS, tendo sido secretário-geral daJuventude Socialista (2004-2008).
Este colóquio é aberto a todos os interessados, esperando-se que seja objeto de uma particular atenção por parte dos militantes do PS.
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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
A URGÊNCIA DO LONGO PRAZO
O socialismo como horizonte
- uma visão humanista do pós-capitalismo.
Colóquio promovido pelo Clube Manifesto para uma Renovação Socialista
- uma visão humanista do pós-capitalismo.
Colóquio promovido pelo Clube Manifesto para uma Renovação Socialista
1. As causas últimas da crise que atinge as
sociedades europeias, entre as quais e muito particularmente a sociedade
portuguesa, são quotidianamente ocultadas por uma nuvem de mistificação ideológica
e, por vezes, através de uma propaganda grosseira. Mas os sofrimentos que a crise causa são arduamente sentidos pelas
suas vítimas e os remédios alegadamente encontrados para tentar superá-la
revelam-se dia após dia como factores do seu agravamento. Num desesperado
cinismo, os grandes poderes tentam fazer passar a ideia de que os grandes
culpados de tudo são em última instância as suas vítimas, os povos estrangulados pelo garrote do capitalismo financeiro.
A deriva ultramontana do capitalismo
neoliberal desembocou num feixe de problemas que os poderes instituídos se
revelam incapazes de resolver. Eventualmente sem ter sido essa a sua intenção,
conduziram o capitalismo para um beco sem saída, cortando-lhe esperança de
vida. Por isso, recitam sem convicção toadas vazias, comportando-se cada vez
mais como pássaros sem rumo, melancólicos e aflitos.
Acatar cegamente o mito da eternidade do
capitalismo, apesar de tudo o que vivemos dia após dia, não parece por isso uma
atitude nem esclarecida, nem inteligente.
Percorrer os caminhos ilusoriamente simples que no passado se revelaram
conducentes a parte nenhuma é caminhar sem sair do mesmo sítio.
Por isso, é importante procurar no presente
as sementes de futuro, sabendo que neste campo só se pode encontrar aquilo que
se procurar. É esse o desígnio que anima o Clube
Manifesto para uma Renovação Socialista, fundado por militantes do PS.
2. Com esse objectivo no próximo dia
15 de dezembro (sábado), com início às 15 horas, o Clube
Manifesto para uma Renovação Socialista vai promover um colóquio sobre: O socialismo como horizonte - uma visão humanista
do pós-capitalismo.
O Colóquio terá lugar na Faculdade de
Economia da Universidade de Coimbra (Anfiteatro 1.1. – piso 1), na Avenida Dias da Silva – nº 165,
em Coimbra.
Conservando-se o formato dos três colóquios
anteriores, será moderador um dos
membros do Clube, Pio Abreu. Uma das
intervenções será feita por um convidado, Pedro Nuno
Santos, a outra, será feita por outro membro do Clube, Rui Namorado. Seguir-se-á um debate.
O nosso convidado, Pedro Nuno Santos, é economista, deputado na
Assembleia da República pelo PS e Presidente da Federação de Aveiro do PS,
tendo sido secretário-geral da Juventude Socialista (2004-2008).
Este colóquio é aberto a todos os
interessados, esperando-se que seja objeto de uma particular atenção por parte dos
militantes do PS.
Pelo Clube Manifesto para uma Renovação Socialista
Rui Namorado
Rui Namorado
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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
Economia Social
Candidaturas para a edição 2012/2013 da
Pós-Graduação em Economia Social
- Cooperativismo, Mutualismo e Solidariedade
Estão abertas as candidaturas para a edição 2012/2013 da Pós-Graduação Economia Social - Cooperativismo, Mutualismo e Solidariedade
As candidaturas são feitas online entre 3 de dezembro de 2012 e 31 janeiro de 2013. Mais informação AQUI.
Poderá obter informações sobre este curso e o seu funcionamento
contactando a Escola de Estudos Avançados da FEUC (eea@fe.uc.pt: telef. +239 790
501/510)
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terça-feira, 4 de dezembro de 2012
O SOCIALISMO COMO HORIZONTE - uma visão humanista do pós-capitalismo.
No
próximo dia 15 de dezembro (sábado), com início às 15 horas, o Clube Manifesto para uma Renovação Socialista
vai
promover um colóquio sobre: O socialismo como horizonte
-
uma
visão humanista do pós-capitalismo.
O Colóquio terá lugar na Faculdade de Economia da UC (Anfiteatro
1.1. – piso 1), na Avenida dias da Silva – nº 165, em
Coimbra.
Conservando-se
o formato dos três colóquios anteriores,
será moderador um dos membros do
Clube, Pio Abreu. Uma das intervenções será
feita por um convidado, Pedro Nuno Santos, a
outra, será feita por outro membro do Clube, Rui
Namorado. Seguir-se-á um
debate.
O
nosso convidado,
Pedro Nuno Santos, é economista,
deputado na Assembleia da República pelo PS e Presidente da Federação de Aveiro
do PS, tendo sido secretário-geral da Juventude Socialista (2004-2008).
Este
colóquio é aberto a todos os interessados,
esperando-se que seja objeto de uma particular atenção por parte dos militantes
do PS.
Pelo Clube Manifesto para
uma Renovação Socialista
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domingo, 18 de novembro de 2012
DILMA, O BRASIL E NÓS
Dilma Roussef, Presidenta do Brasil, veio a Espanha recentemente para participar na Cimeira Ibero-Americana. Aproveitando essa circunstância, o diário espanhol "El Pais" publicou uma entrevista com ela, feita pelo seu antigo director e reputado jornalista Juan Luis Cebrián. A entrevista foi feita poucos dias antes em Brasília. Verdadeiramente, foi mais uma conversa inteligente, em que um dos interlocutores falou mais do que o outro. O jornal espanhol apresenta Dilma como "antiga guerrilheira, torturada e encarcerada durante três anos pela a ditadura" que assombrou o Brasil, entre 1964 e 1985. A entrevista é encabeçada pela seguinte frase da Presidenta:"“Las recetas que se están aplicando en Europa llevarán a una recesión brutal”. Eis o teor completo do que disseram:
“Yo no creo que el problema de Europa sea su modelo de Estado de bienestar. El problema es que se han aplicado soluciones inadecuadas para la crisis y el resultado es un empobrecimiento de las clases medias. A este paso se producirá una recesión generalizada”.
“Yo no creo que el problema de Europa sea su modelo de Estado de bienestar. El problema es que se han aplicado soluciones inadecuadas para la crisis y el resultado es un empobrecimiento de las clases medias. A este paso se producirá una recesión generalizada”.
Me hubiera gustado comenzar la conversación por
hablar de su pasado político, que transcurrió entre responsabilidades logísticas
en la guerrilla armada, o preguntarle antes que nada por los desafíos que
Brasil afronta, pero ella ha entrado en la sala como un torbellino dispuesta a
despedazar las claves de la crisis europea, que amenaza con impactar en el
desarrollo de los países emergentes.
“Nosotros ya hemos vivido esto. El Fondo Monetario
Internacional nos impuso un proceso que llamaron de ajuste, ahora lo dicen
austeridad. Había que cortar todos los gastos, los corrientes y los de
inversión. Aseguraban que así llegaríamos a un alto grado de eficiencia, los
salarios bajarían y se adecuarían los impuestos. Ese modelo llevó a la quiebra
de casi toda Latinoamérica en los años ochenta. Las políticas de ajuste por sí
mismas no resuelven nada si no hay inversión, estímulos al crecimiento. Y si
todo el mundo restringe gastos a la vez, la inversión no llegará”.
Lo dice con convicción, alzando las manos en
expresivo gesto que indica el camino a seguir, es todo su cuerpo el que
protesta por lo que está pasando al otro lado del Atlántico y pienso que si no
existiera ya en la Historia
una Dama de Hierro quizá alguien se habría atrevido a sugerir este apodo para
ella. La prensa internacional considera a Dilma Rousseff,
36ª presidente de la República Federativa del Brasil, una de las tres
mujeres más poderosas del mundo, junto con Angela Merkel
y la secretaria
de Estado norteamericana, Hillary Clinton. A Clinton le quedan dos meses en
el cargo, con lo que el triunvirato puede verse pronto reducido a un duelo de
titanes. ¿Le ha dicho ya a la canciller alemana cuáles son sus puntos de vista
sobre la política que ella está imponiendo en Europa?
“Se lo he dicho en todas las reuniones del G-20. Europa pasa por algo que
ya conocimos en América Latina. Hay una crisis fiscal, una crisis de
competitividad y una crisis bancaria. Y las recetas que se están aplicando
llevarán a una recesión brutal. Sin inversión será imposible salir de la
crisis. Por supuesto hay que pagar las deudas, la consolidación fiscal es
necesaria, pero se precisa tiempo para que los países lo hagan en condiciones
sociales menos graves. No solo por una cuestión ética, sino también por
exigencias propiamente económicas. El euro es un proyecto inacabado y si Europa
quiere resolver sus problemas tiene que completarlo, mediante la supervisión y
la unión bancaria. En realidad el euro no es una moneda única hoy. El mercado
distingue entre el euro español, el euro italiano, francés, griego o alemán. El
BCE tiene que ser el prestamista de ultimo recurso, pero no solo: hace falta
que exista un mercado de títulos, un mercado de deuda, como en el resto de los
países. La moneda única europea es una de las mayores conquistas de la Humanidad , precisamente
en un continente tan castigado por las guerras y las disputas internas. Se
trata de un fenómeno económico, social, cultural y político que significa un
avance formidable, pero de momento está incompleto. No puede seguir así si
queremos vencer a la crisis. Es el tiempo de construir los consensos, y para
ello es importante que exista un liderazgo”.
No es precisamente liderazgo lo que falta en
Brasil. Las encuestas atribuyen a Dilma Rousseff más de un 70% de popularidad,
porcentaje aún mayor del que gozaba su predecesor en el cargo y mentor en su
carrera política, Lula da Silva. La continuidad básica de una política
económica que dura ya casi dos décadas (desde que Fernando Henrique Cardoso emprendiera su amplio
programa de modernización) ha convertido a Brasil en la quinta economía del
mundo y hoy es un interlocutor imprescindible en cualquier escenario
internacional. La llegada de Lula a la presidencia supuso todo un terremoto.
Las clases bajas experimentaron un sentimiento de autoestima como nunca habían
tenido hasta entonces al ver que un obrero ocupaba la presidencia de la República. Era todo
un símbolo de la nueva política de inclusión social que anunciaba ya el
proyecto estrella de Rousseff: hacer de Brasil un país de clases medias, no
solo en lo que se refiere a los estándares de vida, sino sobre todo en lo que
concierne al nivel educativo de la población.
Dilma no tiene el carisma de Lula, pero brilla por
sí misma por su eficacia y su convicción política. Se incorporó al PT, el
partido del Gobierno, años más tarde de su fundación, tras haber militado en el
socialismo de Lionel Brizola y, antes, en dos organizaciones marxistas que
promovían la lucha armada. Detenida y torturada por la dictadura militar, fue
encarcelada durante tres años, y esa experiencia personal supone un plus de
credibilidad a los ojos de todos los demócratas. Le comento que yo tuve
oportunidad de vivir Mayo del 68 en París y soy uno de los huérfanos de aquella
revolución. Los jóvenes españoles de la época seguíamos con admiración los
procesos latinoamericanos, iluminados entonces por la esperanza más tarde
frustrada del castrismo. Cuatro décadas después, muchos líderes de aquellos
movimientos ocupan posiciones de poder en la economía, la política y la cultura
y son objeto de protestas similares a las que ellos encabezaron. ¿Mereció la
pena todo aquello?
“Necesariamente
la gente evoluciona. Yo en diciembre de 1968 no andaba en política ni me había
incorporado a la clandestinidad. Entonces sucedió lo que se conoce en Brasil
como el golpe dentro del golpe: un endurecimiento de la dictadura militar. A
partir de ese hecho, cualquiera de mi generación que tuviera la más mínima
voluntad democrática era violentamente perseguido. De modo que desde mi punto
de vista personal sí valió la pena, y mucho. Una parte de la juventud tuvo el
gesto generoso de pensar que era su obligación luchar por su país, incluso
incurriendo en algunos errores. Puede que aquellos métodos no condujeran a
nada, no tuvieran futuro y constituyeran una visión equivocada sobre la salida
de la dictadura. Pero en la gente anidaba un sentimiento de urgencia, creían
que en Brasil no podría haber una reforma democrática, también por su visión
pesimista sobre los dirigentes del país. Con los años he comprobado nuestro
exceso de ingenuidad y romanticismo y nuestra falta de comprensión de la
realidad. No percibíamos que esta era mucho más compleja, que podía haber
diferentes soluciones de futuro. Mi estancia en la cárcel me ayudó a entender
que el régimen militar no sobreviviría, porque no podía detener, torturar y
matar a toda la juventud. El país había comenzado a transformarse y exigía un
cambio. Enseguida comenzó la complejidad de la transición. A mí me detuvieron
en 1970 y la apertura empezó en 1974, con el presidente Geisel. Se trataba de
una apertura controlada, ‘lenta, gradual y segura’ en el idioma oficial; no era
todavía la democracia, pero las condiciones habían cambiado. Entre 1970 y 1974
transcurrió la etapa más negra de la dictadura. Luego resultó evidente que no
había solución a los problemas económicos y sociales sin democracia. Tal vez lo
que diferencia a mi país de otros de América Latina es que nosotros tuvimos una
fe sin restricciones en el valor de la democracia. Eso hizo que el proceso
resultara menos duro”.
Se
necesita tiempo para la consolidación fiscal en condiciones sociales menos
graves
Sin embargo, la democracia está perdiendo prestigio
en Occidente, le digo, sobre todo por su aparente incapacidad para responder a
la crisis, para reformar el capitalismo. Existe en cambio una cierta admiración
por el mandarinato chino, dada su eficacia en gestionar el crecimiento.
“Tal vez la
mejor cosa de China es que sabe definir sus metas. No creo que nadie tenga que
imitar a ningún país, pero se puede aprender de sus mejores prácticas. Yo, por
ejemplo, pretendo hacer un plan a medio plazo. Para saber dónde quiero llegar
tengo que iluminar también el presente, definir cuál debe ser mi tasa de
inversión si quiero doblar la renta per capita de Brasil, y en cuanto tiempo.
Tal vez podamos hacerlo en 12 o 15 años, mediante una política adecuada de
inversión pública y privada… Naturalmente que se trata de proyecciones, luego
la realidad es muchas veces diferente, pero si te marcas una meta lo importante
es acercarte lo más posible a ella. Cuando la consigues del todo es porque la
meta estaba mal definida”.
Esta cultura del esfuerzo desdice de los tópicos
del Brasil de samba y carnaval que tanto daño han hecho a la imagen del país,
de igual modo que en nuestro caso abundan las diatribas de los nórdicos contra
los perezosos europeos del sur y los clichés de fiesta y siesta se imponen a la
hora de caricaturizar a los españoles.
“Eso de que en la zona euro los nórdicos
trabajan mucho, gastan poco y son muy competitivos mientras los del sur son
perezosos, se endeudan de más, gastan sin control y no contribuyen al euro, es
una historia mal contada. Los países más avanzados de Europa se han beneficiado
de un mercado de 600 millones de personas y de una zona monetaria única, con lo
que mantuvieron tasas de cambio inferiores a las que les hubiera correspondido
por sus superávits”.
Rousseff
maneja de memoria las cifras, los porcentajes y las magnitudes, conoce el
lenguaje de los mercados y argumenta en su mismo idioma. Una cualidad extraña
entre los políticos del momento, que se entregan en manos de tecnócratas y
aplican las recetas de los expertos. Estos señalan por su parte que el
crecimiento de Brasil se ha moderado y muchas voces alertan del contagio de la
crisis en los países emergentes.
“La recesión
europea está alargando los plazos para una mayor recuperación de las economías
que no tienen problemas fiscales ni financieros, están en crecimiento positivo
y practican políticas anticíclicas, como Brasil. Estamos haciendo de todo para
impulsar de nuevo nuestro crecimiento, hemos reducido los costos de capital,
los del trabajo también, y bajado muchos impuestos para impulsar el consumo”.
¿Es este un modelo a seguir? ¿Podríamos decir que
responde a un estándar replicable por un cierto tipo de izquierda en América
Latina?
“Lejos de mí proponer ningún tipo de modelo,
pero lo que en nuestro caso operó como elemento transformador fue comprobar
cuando llegamos al Gobierno que había, ¿cómo decirlo?, determinados falsos
dilemas, idénticos a los que hoy enfrenta Europa. Disyuntivas como controlar la
inflación o impulsar el desarrollo, reducir el gasto público o invertir,
desarrollar primero el país para luego distribuir rentas, luchar solo contra la
pobreza o entrar de un salto en la economía del conocimiento, optar entre el
mercado externo y el consumo interno. A mi ver, todas estas cosas deben
abordarse simultáneamente. Distribuir renta, por ejemplo, es una exigencia
moral, pero también una premisa para el crecimiento. De ahí la importancia de
la política económica”.
En comentarios como este se basan los que atribuyen
a Dilma ejercer un pragmatismo desideologizado. A mí no me lo parece. Creo más
bien que su popularidad radica en el triunfo de la política, en el
reconocimiento de que son las decisiones políticas las que determinan el
devenir de la economía, los mercados incluidos. También en su capacidad de
decidir, que ha hecho que la tilden de autoritaria.
“El trípode
en el que hemos apoyado nuestra acción es bien simple: cuentas públicas
austeras, inflación bajo control y acumulación de reservas en divisas para
proteger nuestra moneda de la especulación, lo que fortalece nuestro sector
externo. Pero al mismo tiempo nos pusimos a construir un mercado interno, sobre
todo combatiendo un déficit habitacional formidable. Bajamos además los tipos
de interés para evitar las inversiones extranjeras directas especulativas.
Creamos así instrumentos de crédito que facilitaran el acceso a la vivienda a
los poseedores de rentas medias y bajas. Vamos a entregar un millón de casas
nuevas y vamos a contratar dos millones más. Hay quien dice que con esta
política en Brasil se va a formar una burbuja, pero no corremos ningún riesgo
al respecto”.
¿Ninguno?
¿No será que la gente no ve la burbuja cuando está dentro de ella?
“Ningún
riesgo. Estamos muy lejos de nada semejante. Ni siquiera tenemos un buchito de
agua en el que pueda formarse una pompa de jabón”.
Pese al optimismo de esta narración, Brasil
enfrenta serios problemas que impiden un crecimiento más rápido y equilibrado.
El milagro de su economía se basa fundamentalmente en la exportación de
materias primas, agroalimentarias y minerales. El país tiene deficiencias
importantes en infraestructuras y suministro de energía, que la propia Dilma,
como ministra del ramo durante el Gobierno de Lula, comenzó a paliar con su
programa Luz para Todos. Los proyectos que tratan de dar respuesta a estas
carencias, como las presas hidráulicas en el Amazonas, convocan la oposición de
los ambientalistas y las tribus indígenas, apoyados en sus reivindicaciones por
famosos como Sting o Sigourney Weaver. Otros países de la región, singularmente
Perú, se han topado con similares obstáculos a la hora de
explotar yacimientos auríferos, lo que demora enormemente los proyectos.
“La única manera de abordar este tema es
realizar audiencias públicas, tantas cuantas sean necesarias. Hicimos hasta 25
para las presas de San Antonio y Jirau. Pero organizar un diálogo no significa
pasarse un siglo discutiendo. Los ciudadanos tienen que aceptar lo que es
razonable, exigir que las empresas privadas cumplan con sus compromisos y,
finalmente, asumir que llega un momento en que el propio debate se acaba. En
las represas que he citado llegamos a debatir cómo y cuándo un pez podía pasar
de un lado al otro del río. Además, después de ese proceso, quedan los recursos
ante el ministerio público. De manera que cuando una presa comienza a
construirse se han sorteado todas las barreras imaginables. Aquí no existe otra
forma de hacer las cosas”.
Semejantes audiencias pueden durar hasta un año o
año y medio, e incluso más, por culpa de la muy exigente y rígida burocracia
brasileña, con lo que los viajeros extranjeros que llegan por estas fechas al
país se sorprenden del retraso evidente en la construcción de infraestructuras
necesarias para la celebración de la
Copa del Mundo de Fútbol en 2014 y los Juegos Olímpicos de
Río de Janeiro en 2016. La escasez y poca funcionalidad de los aeropuertos, la
deficiente red de carreteras, la debilidad de la oferta hotelera, y el propio
retraso en la construcción de instalaciones deportivas saltan a la vista. El
Gobierno asegura no obstante que no hay que preocuparse: dos estadios nuevos
van a inaugurarse el próximo diciembre en Fortaleza y Belo Horizonte, y este
mismo mes se privatizará la gestión de algunos aeropuertos. Por lo demás,
prepara licitaciones para la construcción de nuevas vías férreas, puertos y
carreteras.
“En este sector las empresas españolas son muy
competitivas. OHL fue aquí una
de las grandes pioneras en hacer autopistas, y a precios bien asequibles. A la Cumbre Iberoamericana
de Cádiz voy a viajar con un grupo de inversores privados con los que
eventualmente puedan asociarse los españoles y vamos a presentar un plan sobre
inversiones disponibles en el área de infraestructuras”.
El trípode en el que hemos apoyado nuestra
acción es simple: cuentas austeras, inflación baja y reservas en divisas
El otro gran desafío es la educación, en un país
con más de un 10% de analfabetos funcionales entre la población por encima de
los 15 años.
“En mi proyecto
de hacer de Brasil un país de clases medias, tengo que enfrentar
simultáneamente la lucha contra la pobreza y garantizar padrones educativos
similares a los del primer mundo. Todos los niños de Brasil van a tener un
nivel mínimo de lectura y escritura y manejar operaciones matemáticas hasta
determinado año. Después es preciso que tengan una educación a tiempo integral
para que puedan ingresar en la escuela con un cierto nivel, de modo que estoy
hablando de guarderías. No tengo dinero para financiar un plan así para todo el
mundo, pero sí para la población más pobre. Para la clase media ya existen
guarderías de buena calidad. Guarderías y preescolar: eso construye el futuro.
Además nos inspiramos en algunos modelos alemanes, y nos estamos asociando con nuestra
querida señora Merkel para establecer programas de enseñanza técnica
profesional como alternativa a la universidad. En esta trabajamos por una
universidad pública de excelencia, contratando profesores visitantes de nivel
mundial. Hemos aprobado una ley que establece que el 50% de las becas para las
universidades públicas sea para los alumnos de la escuela pública y para los de
rentas más bajas y los negros. Porque ahora todos los alumnos de la enseñanza
privada van a la universidad pública también”.
Infraestructuras y educación: un programa que
recuerda como ningún otro a la escuela y despensa del regeneracionismo español.
Pero también industria (“Brasil no puede ser un país de servicios”), desarrollo
tecnológico, potenciación del sector automovilístico y sus empresas auxiliares,
desarrollo siderúrgico y agroalimentario. Lleva dos años en el poder y dentro
de dos podrá presentarse para un segundo mandato. ¿En seis años va a poder
hacer todas esas cosas?
“¿En cuántos años dice? No sé. Voy a dejar una
buena contribución a ese programa. Lula estuvo dos legislaturas y me transmitió
un gran legado. Yo pretendo hacer lo mismo con quien me suceda. Si van a ser
cuatro u ocho años solo el pueblo brasileño lo sabe”.
Y en ese periodo, junto a las transformaciones económicas,
¿cambiará también el sistema político? ¿Cuál es el futuro de la democracia
brasileña? Lula dijo que habían conseguido que Brasil fuera un país previsible.
“No solo eso, nuestra democracia es también
muy rica en términos de debate. Estamos acostumbrados a discutir en torno a una
mesa, es todo un hábito entre nosotros. A Bill Clinton eso le llamó la
atención. La democracia brasileña está acostumbrada a dialogar. En algunos
países puede causar extrañeza o pavor que la presidente de la República converse con
las centrales sindicales. Para nosotros es de lo más normal. A veces estamos de
acuerdo y a veces no”.
¿Por qué no
enseña eso a los españoles?, le pregunto.
“Cada uno
tiene su sistema, ¿no? Pero países complejos como los nuestros exigen diálogo y
participación. La experiencia dicta que es bueno plantar cara a los
conflictos”.
Hablamos de los medios de comunicación, de las
dificultades que los nuevos sistemas de opinión pública, las redes sociales,
generan a quienes ocupan el poder.
“Siempre he dicho que la prensa brasileña
comete excesos, pero los prefiero al silencio de la dictadura. De cualquier
manera en este país ya no existe algo que era tradicional entre nosotros: un
formador de la opinión. Desde hace 10 años tomamos las decisiones políticas en
función de lo que beneficia a los brasileños, no por preconceptos ideológicos o
de cualquier otro tipo. El pueblo no se deja manipular en absoluto”.
Después me recuerda que no tuvo el apoyo de la
prensa ni los grandes medios durante la campaña presidencial, pero sin embargo
logró un 56% de los votos en las elecciones.
Celebramos la entrevista el pasado lunes 12 de
noviembre, el mismo día que fueron hechas públicas las penas de cárcel por corrupción contra José
Dirceu, fundador junto con Lula del PT, primer jefe de Gabinete del
anterior presidente, sustituido en el cargo precisamente por Dilma cuando se
vio obligado a dimitir por el escándalo del llamado caso mensalao.
Conocí la sentencia a la salida de mi encuentro con Rousseff, por lo que es más
que probable que ella la conociera cuando hablaba conmigo. El juicio, en el que
Dirceu asegura haber sido condenado sin pruebas, estuvo trufado de intereses
políticos y de una abrumadora campaña mediática en contra de los acusados, cuyo
objetivo indudable era salpicar la figura del propio Lula da Silva.
“Pocos Gobiernos han hecho tanto por el
control del gasto público como el del presidente Lula. Entonces abrimos el
Portal de Transparencia, con todas las cuentas públicas al alcance de quien
quiera consultarlas. También hicimos una Ley de Acceso a la Información que obliga
a divulgar los salarios de los dirigentes. Estoy radicalmente a favor de
combatir la corrupción, no solo por una cuestión ética, sino por un criterio
político. Hablo ahora de la corrupción de los Gobiernos, no la de otro tipo
como la de las empresas, que también existe. Un Gobierno es 10.000 veces más
eficiente cuanto más controla, más fiscaliza y más impide. No hay términos
medios en este aspecto, ni componendas de ninguna clase, lo que en Brasil se
llama medio embarazos. Ha habido diversos procedimientos jurídicos en este
terreno y como presidente de la
República no puedo manifestarme sobre las decisiones del
Tribunal Supremo Federal. Acato sus sentencias, no las discuto. Lo que no
significa que nadie en este mundo de Dios esté por encima de los errores y las
pasiones humanas”.
Las pasiones humanas y las políticas, le apunto.
“Tal vez
estas sean de las mayores. Pertenecemos a una generación que ha vivido
intensamente. Como me dijo el presidente Mujica de Uruguay: ‘Nuestra generación luchó
mucho y vaya burradas que cometimos, ¿eh, Dilma?’ [El actual presidente
uruguayo participó también en la guerrilla armada contra la dictadura de su
país].
Es un hombre
muy divertido. Siguió diciéndome que él había tenido la época de la política,
la de la pasión, la de esto y aquello, la época del Gobierno…
—Pero cuando
me convertí en presidente yo estaba en la época de las flores— añadió, porque
él planta flores”.
Luego se levanta, entre tímida y divertida. Me
tiende la mano y me dice a modo de despedida:
“Esa es también mi época, estoy en la de las
flores”.
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quinta-feira, 15 de novembro de 2012
BRASIL - o PT e a justiça
Está a chegar ao fim, no Brasil, um controverso processo judicial , envolvendo altas figuras do PT ( Partido dos Trabalhadores) , o partido de Lula e da actual presidente Dilma Roussef . Trata-se do célebre "mensalão"que levou já a pesadas condenações de José Dirceu e de José Genoíno, figuras de relevo no PT, durante o primeiro governo de Lula. A parte final do julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) foi transmitido em directo pela TV. Em virtude das duas condenações já decididas e de mais algumas outras, o PT tomou posição pública sobre o conjunto do processo em causa. A grande imprensa brasileira , quase por completo alinhada com a direita e fortemente anti-Lula, deu a sua versão do processo como se fosse objectiva. É por isso necessário e esclarecedor conhecer também um outro ponto de vista, o ponto de vista do PT. Para isso vou transcrever um documento político difundido muito recentemente pelo PT a propósito da acção penal de que estamos a falar.
O PT E O JULGAMENTO DA AÇÃO PENAL 470
O PT, amparado no princípio da liberdade de expressão, critica e torna pública sua discordância da decisão do Supremo Tribunal Federal que, no julgamento da Ação Penal 470, condenou e imputou penas desproporcionais a alguns de seus filiados.
1. O STF não garantiu o amplo direito de
defesa
O STF negou aos réus que não tinham
direito ao foro especial a possibilidade de recorrer a instâncias inferiores da
Justiça. Suprimiu-lhes, portanto, a plenitude do direito de defesa, que é um
direito fundamental da cidadania internacionalmente consagrado.
A Constituição estabelece, no artigo
102, que apenas o presidente, o vice-presidente da República, os membros do
Congresso Nacional, os próprios ministros do STF e o Procurador Geral da
República podem ser processados e julgados exclusivamente pela Suprema Corte.
E, também, nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os
ministros de Estado, os comandantes das três Armas, os membros dos Tribunais
superiores, do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática em
caráter permanente.
Foi por esta razão que o ex-ministro
Marcio Thomaz Bastos, logo no início do julgamento, pediu o desmembramento do
processo. O que foi negado pelo STF, muito embora tenha decidido em sentido
contrário no caso do “mensalão do PSDB” de Minas Gerais.
Ou seja: dois pesos, duas medidas;
situações idênticas tratadas desigualmente.
Vale lembrar, finalmente, que em quatro
ocasiões recentes, o STF votou pelo desmembramento de processos, para que
pessoas sem foro privilegiado fossem julgadas pela primeira instância – todas
elas posteriores à decisão de julgar a Ação Penal 470 de uma só vez.
Por isso mesmo, o PT considera legítimo
e coerente, do ponto de vista legal, que os réus agora condenados pelo STF
recorram a todos os meios jurídicos para se defenderem.
2. O STF deu valor de prova a indícios
Parte do STF decidiu pelas condenações,
mesmo não havendo provas no processo. O julgamento não foi isento, de acordo
com os autos e à luz das provas. Ao contrário, foi influenciado por um discurso
paralelo e desenvolveu-se de forma “pouco ortodoxa” (segundo as palavras de um
ministro do STF). Houve flexibilização do uso de provas, transferência do ônus
da prova aos réus, presunções, ilações, deduções, inferências e a transformação
de indícios em provas.
À falta de elementos objetivos na
denúncia, deducões, ilações e conjecturas preencheram as lacunas probatórias –
fato grave sobretudo quando se trata de ação penal, que pode condenar pessoas à
privação de liberdade. Como se sabe, indícios apontam simplesmente
possibilidades, nunca certezas capazes de fundamentar o livre convencimento
motivado do julgador. Indícios nada mais são que sugestões, nunca evidências ou
provas cabais.
Cabe à acusação apresentar, para se
desincumbir de seu ônus processual, provas do que alega e, assim, obter a
condenação de quem quer que seja. No caso em questão, imputou-se aos réus a
obrigação de provar sua inocência ou comprovar álibis em sua defesa—papel que
competiria ao acusador. A Suprema Corte inverteu, portanto, o ônus da prova.
3. O domínio funcional do fato não
dispensa provas
O STF deu estatuto legal a uma teoria
nascida na Alemanha nazista, em 1939, atualizada em 1963 em plena Guerra Fria
e considerada superada por diversos juristas. Segundo esta doutrina,
considera-se autor não apenas quem executa um crime, mas quem tem ou poderia
ter, devido a sua função, capacidade de decisão sobre sua realização. Isto é, a
improbabilidade de desconhecimento do crime seria suficiente para a condenação.
Ao lançarem mão da teoria do domínio
funcional do fato, os ministros inferiram que o ex-ministro José Dirceu, pela
posição de influência que ocupava, poderia ser condenado, mesmo sem provarem
que participou diretamente dos fatos apontados como crimes. Ou que, tendo
conhecimento deles, não agiu (ou omitiu-se) para evitar que se consumassem.
Expressão-síntese da doutrina foi verbalizada pelo presidente do STF, quando
indagou não se o réu tinha conhecimento dos fatos, mas se o réu “tinha como não
saber”...
Ao admitir o ato de ofício presumido e
adotar a teoria do direito do fato como responsabilidade objetiva, o STF cria
um precedente perigoso: o de alguém ser condenado pelo que é, e não pelo que
teria feito.
Trata-se de uma interpretação da lei
moldada unicamente para atender a conveniência de condenar pessoas específicas
e, indiretamente, atingir o partido a que estão vinculadas.
4. O risco da insegurança jurídica
As decisões do STF, em muitos pontos,
prenunciam o fim do garantismo, o rebaixamento do direito de defesa, do avanço
da noção de presunção de culpa em vez de inocência. E, ao inovar que a lavagem
de dinheiro independe de crime antecedente, bem como ao concluir que houve
compra de votos de parlamentares, o STF instaurou um clima de insegurança
jurídica no País.
Pairam dúvidas se o novo paradigma se
repetirá em outros julgamentos, ou, ainda, se os juízes de primeira instância e
os tribunais seguirão a mesma trilha da Suprema Corte.
Doravante, juízes inescrupulosos, ou
vinculados a interesses de qualquer espécie nas comarcas em que atuam poderão
valer-se de provas indiciárias ou da teoria do domínio do fato para condenar
desafetos ou inimigos políticos de caciques partidários locais.
Quanto à suposta compra de votos, cuja
mácula comprometeria até mesmo emendas constitucionais, como as das reformas
tributária e previdenciária, já estão em andamento ações diretas de
inconstitucionalidade, movidas por sindicatos e pessoas físicas, com o intuito
de fulminar as ditas mudanças na Carta Magna.
Ao instaurar-se a insegurança jurídica,
não perdem apenas os que foram injustiçados no curso da Ação Penal 470. Perde a
sociedade, que fica exposta a casuísmos e decisões de ocasião. Perde, enfim, o
próprio Estado Democrático de Direito.
5. O STF fez um julgamento político
Sob intensa pressão da mídia
conservadora—cujos veículos cumprem um papel de oposição ao governo e propagam
a repulsa de uma certa elite ao PT - ministros do STF confirmaram condenações
anunciadas, anteciparam votos à imprensa, pronunciaram-se fora dos autos e, por
fim, imiscuiram-se em áreas reservadas ao Legislativo e ao Executivo, ferindo
assim a independência entre os poderes.
Único dos poderes da República cujos
integrantes independem do voto popular e detêm mandato vitalício até
completarem 70 anos, o Supremo Tribunal Federal - assim como os demais poderes
e todos os tribunais daqui e do exterior - faz política. E o fez, claramente, ao
julgar a Ação Penal 470.
Fez política ao definir o calendário
convenientemente coincidente com as eleições. Fez política ao recusar o
desmembramento da ação e ao escolher a teoria do domínio do fato para compensar
a escassez de provas.
Contrariamente a sua natureza, de corte
constitucional contra-majoritária, o STF, ao deixar-se contaminar pela pressão
de certos meios de comunicação e sem distanciar-se do processo político
eleitoral, não assegurou-se a necessária isenção que deveria pautar seus
julgamentos.
No STF, venceram as posições políticas
ideológicas, muito bem representadas pela mídia conservadora neste episódio: a
maioria dos ministros transformou delitos eleitorais em delitos de Estado
(desvio de dinheiro público e compra de votos).
Embora realizado nos marcos do Estado
Democrático de Direito sob o qual vivemos, o julgamento, nitidamente político,
desrespeitou garantias constitucionais para retratar processos de corrupção à
revelia de provas, condenar os réus e tentar criminalizar o PT. Assim orientado,
o julgamento convergiu para produzir dois resultados: condenar os réus, em
vários casos sem que houvesse provas nos autos, mas, principalmente, condenar
alguns pela “compra de votos” para, desta forma, tentar criminalizar o PT.
Dezenas de testemunhas juramentadas
acabaram simplesmente desprezadas. Inúmeras contraprovas não foram sequer
objeto de análise. E inúmeras jurisprudências terminaram alteradas para servir
aos objetivos da condenação.
Alguns ministros procuraram adequar a
realidade à denúncia do
Procurador Geral, supostamente por ouvir
o chamado clamor da opinião pública, muito embora ele só se fizesse presente na
mídia de direita, menos preocupada com a moralidade pública do que em tentar
manchar a imagem histórica do governo Lula, como se quisesse matá-lo
politicamente. O procurador não escondeu seu viés de parcialidade ao afirmar
que seria positivo se o julgamento interferisse no resultado das eleições.
A luta pela Justiça continua
O PT envidará todos os esforços para que
a partidarização do Judiciário, evidente no julgamento da Ação Penal 470, seja
contida. Erros e ilegalidades que tenham sido cometidos por filiados do partido
no âmbito de um sistema eleitoral inconsistente - que o PT luta para
transformar através do projeto de reforma política em tramitação no Congresso
Nacional - não justificam que o poder político da toga suplante a força da lei
e dos poderes que emanam do povo.
Na trajetória do PT, que nasceu lutando
pela democracia no Brasil, muitos foram os obstáculos que tivemos de transpor
até nos convertermos no partido de maior preferência dos brasileiros. No
partido que elegeu um operário duas vezes presidente da República e a primeira
mulher como suprema mandatária. Ambos, Lula e Dilma, gozam de ampla aprovação
em todos os setores da sociedade, pelas profundas transformações que têm
promovido, principalmente nas condições de vida dos mais pobres.
A despeito das campanhas de ódio e
preconceito, Lula e Dilma elevaram o Brasil a um novo estágio: 28 milhões de
pessoas deixaram a miséria extrema e 40 milhões ascenderam socialmente.
Abriram-se novas oportunidades para
todos, o Brasil tornou-se a 6a.economia do mundo e é respeitado
internacionalmente, nada mais devendo a ninguém.
Tanto quanto fizemos antes do início do
julgamento, o PT reafirma sua convicção de que não houve compra de votos no
Congresso Nacional, nem tampouco o pagamento de mesada a parlamentares.
Reafirmamos, também, que não houve, da parte de petistas denunciados,
utilização de recursos públicos, nem apropriação privada e pessoal.
Ao mesmo tempo, reiteramos as resoluções
de nosso Congresso Nacional, acerca de erros políticos cometidos coletiva ou
individualmente.
É com esta postura equilibrada e serena
que o PT não se deixa intimidar pelos que clamam pelo linchamento moral de
companheiros injustamente condenados. Nosso partido terá forças para vencer
mais este desafio. Continuaremos a lutar por uma profunda reforma do sistema
político - o que inclui o financiamento público das campanhas eleitorais - e
pela maior democratização do Estado, o que envolve constante disputa popular
contra arbitrariedades como as perpetradas no julgamento da Ação Penal 470, em
relação às quais não pouparemos esforços para que sejam revistas e corrigidas.
Conclamamos nossa militância a
mobilizar-se em defesa do PT e de nossas bandeiras; a tornar o partido cada vez
mais democrático e vinculado às lutas sociais. Um partido cada vez mais
comprometido com as transformações em favor da igualdade e da liberdade.
Comissão Executiva Nacional do PT.
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