Comparação crítica de várias sondagens
recentes
1.Em 23 de abril
foi publicada no Expresso uma sondagem da responsabilidade do ISCTE. Ao
contrário da maior parte das outras, esta não valoriza as décimas nos números
que divulga, o que deve ser tido em conta na comparação com as que procedem de
maneira diferente.
O PS é o partido
que reúne um maior número de intenções de voto, atingindo os 37%. Relativamente
à sondagem da mesma proveniência, difundida em dezembro passado, perde 2 pontos
percentuais.
O PSD é o
segundo partido, atingindo 29%; o que significa uma subida de 4 pontos
relativamente à sondagem de dezembro.
O BE com 9% sobe
um ponto percentual, enquanto o Chega com 6% regride um ponto. A CDU mantém os
7% de dezembro, tal como o PAN conserva os 2% .
O CDS baixa de 2
para 1%, enquanto a IL continua com 1%.
Deste modo, no
seu todo, a Esquerda (PS,BE e CDU) desce de 54 para 53%,a Direita (PSD, Chega,
CDS e IL) sobe de 35 para 37%. O Centro (PAN) conserva os 2% de dezembro
passado. As Esquerdas exteriores ao PS passam de 15 para 16%, enquanto a
Direita sem o Chega passa de 28 para 31%.
Embora a
distância entre os dois maiores partidos tenha diminuído, ao cifrar-se em 8
pontos percentuais, mostra uma relação de forças idêntica à revelada pelos
resultados eleitorais de outubro de 2019.Do mesmo modo, a vantagem da Esquerda
no seu todo mantem-se ao nível da que resultou da pugna de 2019. Na verdade, em
2019 a diferença era entre 51,19 % para a Esquerda e 34,56% para a Direita;
nesta sondagem é entre 53% e 37% respetivamente.
2.Em 18 de
abril, foi difundida pelo Negócios e pelo CM uma sondagem da Intercampus. Tem algum interesse
compará-la com outra da mesma proveniência divulgada há um mês (17 de março).
Foi o PS foi que
registou o maior número de intenções de voto – 36,2 % - o que representou, no
entanto, uma quebra de 1,4% relativamente ao mês passado. O PSD ficou
praticamente estagnado nos 23,3 %, o que se traduziu num ligeira inflexão de
o,3 %. A separar os dois partidos estão agora 12,9%, encurtando-se assim um
pouco a diferença de 14% do mês passado.
O BE e o Chega
ficaram empatados com 9,4%, o que resultado de uma subida de 1,1% do primeiro e
de 0,4% do segundo. A CDU ficou com 5,2%, tendo assim subido 0,3%. O CDS, ao
atingir 3,1%, subiu 0,8% , enquanto a Iniciativa Liberal ao recuar 0,5% ,
ficou-se pelos 4,8%. O PAN ficou no mesmo patamar, mas no seu caso isso
representou um aumento de 2,3%. É este o peso do Centro, enquanto o da Direita
no seu todo, de acordo com esta sondagem, seria de 40,6%. Bem longe dos 50,8%
alcançados pelas Esquerda com assento parlamentar no seu todo.
Olhando para os
grandes espaços políticos, entre as duas sondagens a Esquerda desceu 0,6 %, a
Direita subiu 0,4% e o Centro subiu 2,3 %.
3. Para uma
melhor avaliação do significado político destas duas sondagens vale a pena
compará-las com outras publicadas em março e abril, inserindo esta última do
conjunto considerado. São tidas em conta três publicadas em março ─ Aximage
(01),Eurosondagem (06),Intercampus (17) e outras três em abril ─ Aximage
(05),Eurosondagem (10), Intercampus (18).
No conjunto das
seis sondagens, o PS oscilou entre um mínimo de 36,2% e um máximo de 39,7%; o
PSD entre 23,3% e 28,2%. Em cada uma das sondagens, a diferença entre estes
dois partidos variou entre um mínimo de11,1% e um máximo de 16,1%.
O BE oscilou
entre 6,2% e 9,4% ; e a CDU, entre 4,5% e 6%. O PAN variou entre 2,1% e 4,8%.
O Chega variou
entre 6,5% e 9,4%. A IL, entre os 2,1% e os 5,7%. O CDS oscilou entre 0,8% e
3,1 %.
No conjunto
destas seis sondagens, a Esquerda (PS, BE e CDU) varia entre 50,8% e 54,3%; a
Direita (PSD, Chega, CDS e IL) varia entre 38% e 40,6%; o Centro (PAN), entre
2,1 e 4,8%.
Vejamos agora,
quanto à sondagem mais recente que comentámos no início deste texto, em que
medida os seus resultados se situam dentro ou fora dos limites máximos e
mínimos definidos pelos resultados
das seis sondagens que acabamos de mencionar.
O resultado do
PS (37%) situa-se dentro do intervalo entre o máximo e o mínimo, definidos por
este conjunto de sondagens. O resultado do PSD (29%) situa-se ligeiramente
acima. A diferença favorável ao PS entre os dois partidos (8%) situa-se
ligeiramente abaixo.
O resultado do
BE (9%) situa-se dentro do intervalo referido, o do Chega (6%),ligeiramente
abaixo do limite mínimo, o da CDU (7%), acima e o do PAN (2%), ligeiramente
abaixo. O CDS (1%) fica dentro do referido intervalo e a IL (1%), abaixo.
No seu todo, a
Esquerda (53%) fica dentro do mencionado intervalo, a Direita (37%),
ligeiramente abaixo e o Centro (2%), também ligeiramente abaixo. Também a
Direita democrática (sem o Chega), na última sondagem, atingiu um patamar (31%)
dentro do referido intervalo (entre 29,5% e 33%).
A diferença mais
significativa diz , talvez, respeito aos
resultados estimados para o PS e para o PSD, estando no facto de, na sondagem
mais recente, ela estar abaixo do limite
inferior do conjunto das outras seis sondagens ((8 % contra 11,1%). De facto,
quanto maior for esta vantagem do PS em melhor posição estará na disputa
eleitoral autárquica. pode projetar-se em muitas vitórias autárquicas,
sucedendo o contrário no caso oposto.
Mas esta
diminuição de vantagem, ao conjugar-se com os outros resultados, tem um
diminuto poder de pressão quanto a uma hipotética mudança de rumo no governo do
país, em virtude da sua reduzida dimensão. Portanto, um olhar que abranja o
conjunto de sondagens comentado revela , no essencial, uma relativa
estabilidade nas referências eleitorais dos portugueses.
4. Pode assim
servir de conclusão política genérica, o comentário publicado neste mesmo blog, em 16 de fevereiro, aos
resultados de cinco sondagens difundidas entre 16 de janeiro e 13 de fevereiro.
Duas da Universidade Católica, duas da Eurosondagem e uma da Aximage.
Na verdade, no
fundamental, o cenário político em termos de intenções de voto não se alterou.
Escrevi eu então:
“Parece poder concluir-se que a ultrapassagem do
conjunto das esquerdas pela direita não parece provável, mas a ultrapassagem
das esquerdas pela direita democrática mostra-se uma hipótese muito remota. Não
só à luz das sondagens de 2021, mas também em função da trajetória inerente à
sua comparação com os resultados das eleições de 2019. Tanto mais que o período
desde então decorrido já foi em grande parte sob a pandemia.”
E agora estão em causa doze sondagens difundidas
neste primeiro quadrimestre de 2021.
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