terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Fábula Cansada





Fábula Cansada

A esquerda atravessa o rio,
um sapo sob um lacrau.

O lacrau para ser lacrau
só pode sempre morder.

O sapo vai afundar-se
vencido pelo veneno?

O lacrau vai afogar-se
porque não pode nadar?

Que importa, clama o sapo,
este  caminho é o meu.

Que importa, diz o lacrau,
antes ser eu e morrer
do que pensar e viver.

Com o sapo e o lacrau
muito povo vai morrer.

Pergunto sem ironia,
não era melhor chegar?
             
                              [Rui Namorado]

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

"Papa Francisco propõe um sistema económico mais justo e sustentável”




“Uma outra economia, uma outra vida. Um ir além do tipo de economia em que vivemos. Sair do capitalismo para se sobreviver como humanidade. Não estamos perante sonhos de nefelibatas ou perante uma radicalidade utópica de ressonância extremista. Estamos perante uma emergência antropológica que não é apenas a tonalidade necessária a qualquer política de esquerda, é uma condição de sobrevivência da humanidade. Também nos convoca para essa urgência o desarmado Chefe de Estado do Vaticano.”

Há alguns dias, escrevi no FB o parágrafo que acima reproduzo, como introdução à partilha de um artigo da autoria do jornalista Carlos Drummond, divulgado na página virtual da importante revista brasileira de grande circulação “CartaCapital”, em 9 de dezembro.

O artigo comenta uma iniciativa do Papa Francisco que irá decorrer em Itália no próximo mês de março. É estranho que a justificada atenção que a nossa grande comunicação social presta ao Papa tenha deixado passar em branco uma informação tão relevante. Estranho, mas compreensível. Basta ler o artigo. O poder mediático dominante, embora procure disfarçá-lo, ainda não aprendeu a digerir por completo este Papa.

O artigo tem como título: Papa Francisco propõe um sistema económico mais justo e sustentável”. Ei-lo:

“Estruturada com o auxílio do americano Joseph Stiglitz, a iniciativa conta com apoio do indiano Amartya Sen, ambos vencedores do Nobel
Mais de 2 mil jovens de 120 países confirmaram até agora a participação no encontro Economia de Francisco, de 26 a 28 de março de 2020 na cidade de Assis, Itália. Convocada pelo papa e estruturada com o auxílio do economista americano Joseph Stiglitz, a iniciativa conta com apoio do indiano Amartya Sen, ambos vencedores do Prêmio Nobel. A reunião pretende repensar, debater e buscar novos rumos para a economia mundial, hoje dedicada de modo quase exclusivo aos interesses de maximização dos lucros de empresas e de poucos indivíduos, de modo a direcioná-la para a proteção da maioria e do meio ambiente. As atividades preparatórias no Brasil incluíram um encontro com cerca de 500 interessados no fim de novembro, na PUC de São Paulo. O País terá 30 representantes vinculados a diferentes experiências.
Inovador no conteúdo e no formato, o encontro pretende debater experiências e promover rodas de conversa em substituição às tradicionais exposições de papers e mesas-redondas. A liderança caberá a jovens de até 35 anos, entre acadêmicos, agentes comunitários e empreendedores. A iniciativa floresceu em maio, quando o papa e Stiglitz comprometeram-se a trabalhar em conjunto para promover globalmente uma “economia social” que “olha para o futuro com a voz dos jovens em mente”.
Os dois advertiram sobre os problemas de certas formas de economia de mercado que incentivam o comportamento individualista e invertem papéis. “É necessário aprofundar as discussões sobre questões sociais e as mudanças geradas pela globalização nas sociedades, bem como pensar em ideias concretas sobre o que devemos fazer para a tecnologia e os mercados servirem à humanidade, e não o contrário”, propôs Stiglitz. É fundamental, alertou, “trabalhar na educação de sistemas alternativos que não adoram dinheiro. Temos de tentar desenvolver programas e estudos sobre o conceito de economia circular, que contribuam para uma educação que esteja ciente dos limites do meio ambiente e que ensine a devolver ao ambiente o que é retirado dele”.
A convocação feita pelo papa sugere um encontro inédito sobre economia: “Estou escrevendo para convidá-los a uma iniciativa que tanto desejei, um evento que me permita conhecer quem hoje está se formando e está iniciando a estudar e praticar uma economia diferente, que faz viver e não mata, inclui e não exclui, humaniza e não desumaniza, cuida da criação e não a depreda. Um evento que nos ajude a estar juntos e nos conhecer, e que nos leve a fazer um ‘pacto’ para mudar a atual economia e dar uma alma à economia do amanhã”, conclamou Francisco.
 “Na ‘Carta Encíclica Laudato si’”, prossegue o papa, “enfatizei como hoje, mais do que nunca, tudo está intimamente conectado e a salvaguarda do ambiente não pode ser separada da justiça para com os pobres e da solução dos problemas estruturais da economia mundial. É necessário, portanto, corrigir os modelos de crescimento incapazes de garantir o respeito ao meio ambiente, o acolhimento da vida, o cuidado da família, a equidade social, a dignidade dos trabalhadores e os direitos das futuras gerações”.
Estima-se que a liderança mundial do papa, realizador do Sínodo da Amazônia, em outubro, durante o auge de queimadas na floresta, contribuirá para tornar o evento um marco na crítica à economia dominante.
A iniciativa convergirá em torno de três grandes eixos, detalhados durante o evento preparatório na PUC-SP pela professora Patricia Dorneles, vice-coordenadora do curso de graduação em terapia ocupacional da UFRJ. O primeiro são as linhas gerais e as perspectivas de articulação de outra economia, inclusiva, marcada pela justiça social, ética e humanismo. O segundo eixo é a agregação e valorização das práticas concretas que incluem, no País, “inúmeras experiências de economia solidária, agroecológicas, de bancos de crédito comunitários, criação de novas moedas, atividades de economia criativa, de controle territorial de produção e distribuição”.
O terceiro eixo, prossegue, são as mudanças nos currículos das faculdades de economia no mundo. “Não podemos pensar em outra economia se formarmos economistas a partir de uma concepção única ou absolutamente voltada para a competição e as técnicas, muitas delas antiéticas, que geram sofrimento e privações a grande parte da população. O chamamento do papa é no sentido de os participantes formularem nova orientação curricular para formar economistas humanistas e integradores”, sublinha a professora.

A necessidade de reformular o ensino de economia para colocá-la a serviço da sociedade é debatida há anos. Segundo o especialista Andrew Mearman, da Universidade West of England, apesar de os currículos da maior parte dos cursos denotarem a concepção de que as habilidades necessárias aos profissionais da área são essencialmente a capacidade de elaborar matemática de alto nível e reproduzir os pontos centrais de determinada linha de pensamento, vários estudiosos reconhecem o caráter essencial do conhecimento de humanidades na solução de problemas complexos que exigem saber econômico combinado à flexibilidade de pensamento, insights de outras disciplinas e consciência da realidade social e política do país e do mundo. Muitos dos seus colegas de ofício não conseguiram entender a crise de 2008, diz o professor, por nunca terem estudado história nem o fenômeno da desigualdade.
O evento é uma resposta inovadora à “gritante, absurda, insuportável e injusta desigualdade social e à crise ecológica provocada pela mudança climática”, analisa o sociólogo Michael Löwy, diretor de pesquisas do Centre National de la Recherche Scientifique, da França, um dos participantes dos debates na etapa brasileira. A degradação do meio ambiente e da natureza e a degradação humana e ética estão intimamente ligadas, analisa Löwy, porque são consequências do sistema. “Não é, portanto, só problema de comportamento individual de um ou de outro, de tal ou qual empresário, banqueiro ou chefe de governo. É de um sistema que ignora valores humanos, éticos, espirituais, naturais, porque esses valores escapam ao cálculo financeiro, do mercado. É uma economia que mata.”
A necrofilia do sistema vitima principalmente negros, denunciou outra participante do debate, Eleonora Aparecida Alves de Souza Domingos, fundadora da ONG Projeto Caminhos, de preservação da cultura negra e de matriz africana. “Hoje sofremos no Brasil a intolerância, a violação, a queima de templos. Apesar disso, mantemos um coletivo que resiste numa cidade essencialmente evangélica e abriga jovens negros em situação de vulnerabilidade social. Eles chegam sem sonhos em busca do acolhimento do terreiro. Nós resistimos à desigualdade e àqueles que insistem em não respeitar a nossa religiosidade. O que mais o povo negro tem é ousadia de viver num país tão racista”, diz a mãe de santo.
A mudança do modelo econômico requer enfrentamentos, acredita Dennis de Oliveira, professor de jornalismo na USP, e um dos mais importantes deles é a luta contra o racismo, pois não se constrói democracia e justiça excluindo 54% da população. “À medida que o capital fica mais concentrado, a população negra, originária, é a que mais perde direitos. No Brasil, a cada 23 minutos um jovem ou uma jovem negra é assinada. O projeto de uma nova economia é também o projeto de um novo modelo de civilização, de ruptura com esse sistema estruturalmente perverso”, sublinha o professor.

Os extremos atingidos pela crise múltipla indicam a insuficiência das respostas convencionais e clamam por mudança de paradigmas. “A proposta da Economia de Francisco é uma busca pelo comum no lugar do individual, pela gestão comunitária no lugar da puramente privada. É a certeza de que o ideário neoliberal e a sua busca constante por competitividade não dá conta de prover as necessidades da maior parte da sociedade”, resume a economista Neusa Serra, professora de políticas públicas da Universidade Federal do ABC e integrante do grupo de Articulação Brasileira.
“Na Economia de Francisco não há lugar para a acumulação infinita nem para paraísos fiscais. Isso pressupõe a defesa de imposto diferenciado sobre grandes fortunas, artigos de luxo e supérfluos, taxação dos lucros e dividendos, capital improdutivo e movimentações financeiras internacionais”, dispara Célio Turino, historiador, consultor em políticas públicas e outro integrante da Articulação Brasileira.

A proposta da Economia de Francisco não se resume a uma reunião de gente de boa vontade empenhada em realizar um diagnóstico e cogitar alternativas. “O evento vem oxigenar a visão da economia que está muito circunscrita aos ditos especialistas que em geral não dão conta do recado. É uma forma de puxar a economia para a vida real e dizer que o que vem sendo feito não resolve nada. Acho muito importante”, sublinha o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, consultor editorial desta revista. “O debate ficou empobrecido, porque a economia foi considerada um espaço especial na vida dos indivíduos e não é, como vem mostrando o próprio Stiglitz em seus trabalhos e também o economista Robert Skidelsky. É isso que está em questão, as abstrações que não têm ancoragem na vida real. Há uma saturação, uma insatisfação diante do aprisionamento da economia num modelo abstrato ruim.”
Alguns dos trabalhos selecionados para representar o Brasil em Assis ilustram a diversidade de atividades e de propostas desenvolvidas pelos participantes.
Vitor Hugo Tonin, assessor econômico do Sindicato dos Químicos Unificados, trabalha no desenvolvimento da plataforma Livres Rede de Produtos do Bem, que permite o contato direto entre produtores e consumidores, elimina intermediários, custos e lucros de quem não está produzindo nada, aproxima produtor de consumidor e busca um consumo consciente. “No caso de alimentos”, detalha, “procuramos promover produtos sem agrotóxicos, da agricultura familiar e orgânicos. Visa também eliminar intermediários de serviços que monopolizam mercados simplesmente por serem proprietários das plataformas digitais como os prestadores de serviços do tipo Uber e aplicativos de entregas em domicílio.”
O assessor técnico parlamentar David Deccache pesquisa no doutorado em Economia da UnB as possibilidades, desafios e impactos da elaboração de um programa de garantia de emprego com base na Teoria Monetária Moderna. “A pesquisa resultou em um Projeto de Lei apresentado pelo deputado Glauber Braga, do PSOL, na Câmara dos Deputados. Ao colocar o Estado como um empregador de última instância, o projeto avança na resolução de inúmeros problemas: estabelece o respeito ao salário mínimo e a legislação trabalhista e elimina o desemprego crônico a um custo líquido próximo a 2% do PIB”, defende.
Eliza Hostin, formada em Comunicação e mestre em Economia para Transição, trabalha como consultora de sustentabilidade com foco em duas frentes. A primeira é o apoio a empresas para repensar a atuação em busca de formas mais sustentáveis e, se possível, regenerativas. A segunda é em educação, pelo apoio a indivíduos e organizações no entendimento sobre a nova economia de modo a compreenderem os diferentes conceitos que a compõem, bem como conhecerem práticas existentes. “A relevância deste trabalho está em criar pontes de diálogo entre o mundo capitalista e o novo modelo socioeconômico que emerge. Permite novas lentes para ver e agir no mundo e, com isso, tornar-se agente ativo dessa transformação.”
Cristina Pereira Vieceli, aluna de doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, trata de economia feminista e trabalhos reprodutivos. A economia feminista, diz, critica a invisibilidade dos trabalhos não remunerados exercidos principalmente pelas mulheres, tais como afazeres domésticos e trabalhos voluntários não incluídos na contabilidade nacional dos países. “Essa dinâmica impacta tanto na trajetória feminina no mercado de trabalho quanto na sua posição de dependência econômica e o caráter de seu trabalho, pois as mulheres são sobrerrepresentadas em atividades de meio turno, com baixas remunerações.”
Francisco, tudo indica, está disposto a combater o Bezerro de Ouro.


sábado, 7 de dezembro de 2019

UMA SONDAGEM, A POLÍTICA E O FUTURO



UMA SONDAGEM, A POLÍTICA E O FUTURO
1. Uma recente sondagem quanto à intenção de voto nas legislativas, promovida pela Intercampus , foi recentemente publicada pelo CM e pelo Negócios. Eco mediático modesto. Compreensível. Os resultados não permitiam um alarido simplista. Traduziam modestamente o foguetório antigovernamental e apontavam para um agravamento do pântano político em que as direitas parecem atolar-se. Os jornais comparavam estes resultados com os de uma sondagem feita no mês anterior já depois das eleições. Por mim, vou compará-los com os resultados das últimas legislativas. Parece-me mais significativo.
O PS passa de 36,5% para 34,9 %, o que significa uma perda de 1,6%. O PSD desce de 27,9para 24,9, o que implica uma perda de 3%.O BE passa de 9,7 para 10,8, o que se traduz num ganho de 1,1 %. A CDU passa de 6,5 para 8,1, o que representa um ganho de 1,6%. O CDS passa de 4,3 para 2,9, o que significa uma perda de 1,4%. O PAN sobe de 3,3 para 4,8, o que se traduz num ganho de 1,5%. O Chega sobe de 1,30 para 4,8, o que representa uma subida de 3,5%. A IL cresce de 1,3 para 2,9 o que implica um ganho de 1,5%. O Livre passa de 1,1 para 2,7 o que significa um aumento de 1.6 %.
Se considerarmos o PAN como ele diz que é (“nem de direita nem de esquerda”, ou seja de centro) esse espaço político alargou-se em 1,5%.
Se considerarmos a direita como abrangendo o PSD, o CDS, a IL e o Chega este conjunto passou de 34,7 para 35,5, o que significa um aumento de 0,8%. Mas se separarmos a direita clássica da extrema-direita, a primeira terá perdido 2,7% e a segunda terá ganho 3,5%.
Se considerarmos a esquerda como compreendendo o PS, o BE, a CDU e o Livre, verificamos que passou de 53,7 para 56,5, o que significa um ganho de 2,8%. Mas como vimos o PS perdeu 1,6% e os outros três partidos partilharam entre si em partes quase iguais um progresso de 4,4%.

2. As variações não são grandes. O PS sofreu um desgaste modesto apesar da intensa barragem de artilharia política que o tem assediado. As outras esquerdas ganharam algum viço o que parece especialmente relevante para o PCP, por parecer que desse modo reverte a tendência revelada nas legislativas; e para o Livre pelo facto de ter duplicado a percentagem de intenções de voto.
O PAN parece mostrar a solidificação da robustez adquirida .
Na direita clássica tradicional o CDS parece atolar-se ainda mais dramaticamente na sua crise. O PSD parece patinar, murchando um pouco mais, talvez em função da disputa interna que está a atravessar. A IL tem em termos relativos um aumento animador.
A extrema-direita quase quadruplicando as intenções de voto em comparação com os resultados eleitorais que obteve, ao ultrapassar claramente o CDS, acentua-lhe a dramaticidade da crise que está a viver. Coloca-se assim no horizonte como questão estruturante do futuro da direita clássica o modo como se vai relacionar com a extrema-direita.
O relacionamento entre PS e os outros partidos de esquerda tem-se revestido de uma atmosfera de incerteza. Parece não ter sido encontrado um tipo de conjugação entre eles que todos aceitem sem reserva mental. Se deixarem resvalar para o antes de 2015 o modo como se relacionam estarão a abrir a única porta através da qual a direita pode regressar ao poder. O BE, o PCP, os Verdes e o Livre só aprovarão as medidas que tiverem o voto favorável do PS, a não ser que se disponham a ter uma agenda política em que sejam centrais as medidas que suscitem o acordo das direitas ainda que não o do PS. Este tem uma situação quase simétrica ainda que lhe baste a abstenção das outras esquerdas ou de uma parte delas para não ter que recear a reprovação pelas direitas mesmo que concertadas. Se todos  vemos isto, parece inútil tentar esquecê-lo.
O governo afirmou expressamente que privilegia os acordos políticos entre o PS e os outros partidos de esquerda, mas estes parecem mais interessados num alarido de demarcação do que numa atmosfera de concertação. Vejamos o que realmente acontece.
No entanto, todos estes partidos não deveriam esquecer-se que a articulação política que construíram na legislatura anterior não foi uma invenção a frio de estados-maiores partidários, foi um impulso do povo de esquerda, do bloco dos seus eleitorados efetivos e potenciais a que esses estados-maiores tiveram o mérito de dar sequência. E é bem provável que os vários tios de tergiversações e de ambiguidades ocorridas na campanha eleitoral para as legislativas, quanto à assunção do que tinha ocorrido entre eles e quanto á vontade de a continuarem, tenham atirado para uma abstenção desiludida ou cética muitos e muitos eleitores do povo de esquerda.
E é bom que nos lembremos que nos cemitérios da memória política europeia jazem muitos partidos de várias esquerdas que, inventando ou conservando cartilhas obsoletas oriundas do seu passado ou do seu exterior, esqueceram a primazia da consonância com o povo de esquerda, com a sua esperança , com a recusa da sua humilhação. E assim foram murchando, murchando até serem nada. Se qualquer partido de esquerda for derrotado por ter ficado realmente  junto dos seus, nada o apagará, mas se for derrotado por se ter esquecido deles acabará por se esvair.